domingo, 24 de fevereiro de 2008

Frutos de Floripa 1

Lagostins em seus momentos finais de preparo


Lagostins à l´Américaine


Domingão: dia de ir para o fogão!!! (Que rima pobre!!!) Enfim, licenças poéticas à parte, o caso é que hoje preparei uma das maravilhas que trouxe na minha bagagem extra que veio de Floripa. As maravilhas escolhidas foram os lagostins (crawfish em inglês, langoustin em francês). Ontem à noite, passei um tempão consultando meus livros de culinária à procura de uma receita para lagostins e não vi quase nada que me agradasse. Também consultei a internet e a oferta de receitas para estes integrantes da família dos frutos do mar está longe de ser farta. Enfim, não contente com o resultado da minha pesquisa resolvi adaptar. Aliás, adaptar é uma das palavras que eu mais uso na minha prática culinária. Lembrei-me que há muitos anos atrás, no tempo em que eu fazia pos-doc em Grenoble, eu tive o prazer de degustar uma maravilhosa lagosta na casa de meus grandes amigos, Michel e Colette, intitulada "Homard à l´Américaine". Colette foi sem dúvida uma das maiores inspirações para esta minha fascinação pela boa comida. Mas a Colette merece uma ou mais postagens só para ela e Michel uma só para ele. Hoje, vou falar dos meus "Lagostins à l`Américaine". Para prepará-los "à l´Américaine" consultei dois livros: The New York Times Cook Book do Craig Claiborne e o Mastering the Art of French Cooking da Julia Child et al.

Mas o que quer dizer o termo "à l´Américaine"? Segundo Claiborne and Child a origem do termo "à l´Américaine" é um assunto de grande controvérsia. Algumas "autoridades" chamam de "à l´armoricaine", em homenagem à antiga província de Armorique na Bretanha onde as lagostas são muito comuns. Outras dizem que armoricaine não faz sentido porque tomate não é um ingrediente típico da cozinha bretã e que a receita deve mesmo é ter sido inventada por um chef parisiense com inclinações provençais que deu este nome ao prato ou porque ele o serviu a um cliente americano, ou devido às origens exóticas (e americanas) do tomate.

Bem, mas qualquer que seja a verdadeira história sobre a identidade desta receita, o fato é que a que eu comi anos atrás era uma delícia. Acabei ficando com a receita do Claiborne e o resultado foi muito bom. Lá vai a receita:


LAGOSTINS À L´AMÉRICAINE
Ingredientes:

  • 1 kg de lagostins (segundo Claiborne deveriam estar vivos, mas os meus estavam mortos e congelados!!!)
  • 1/4 xícara de azeite de oliva extra virgem
  • 3 colheres de sopa de manteiga sem sal
  • 1 cebola média picada em pedacinhos bem pequenos
  • 4 dentes de alho picados em pedaços bem pequenos e amassados (Claiborne mandou colocar 1 dente, mas vocês já sabem não é? ADORO alho!!!)
  • 6 tomates maduros, sem pele e sem sementes, picados em pedaços super pequenos (na pressa pode-se usar uma lata de tomates inteiros com o seu suco)
  • 1 colher de chá de estragão (usei seco, pois eu não tinha fresco)
  • 1/2 colher de chá de tomilho (também usei seco)
  • 1 folha de louro (que deve ser tirada antes de servir)
  • 3/4 de xícara de vinho branco seco de boa qualidade (NUNCA coloque em sua comida um vinho que você não beberia)
  • 1/4 de xícara de conhaque
  • pimenta e sal a gosto
  • 1 pitada de açúcar (isto é por minha conta, para tirar a acidez do tomate)

Modo de fazer:

Lave bem os lagostins, tire as cascas (cuidado, pois são repletas de regiões pontiagudas) e a tripa (que aparentemente pode tornar os lagostins uma refeição indigesta quando não retirada), mas deixe as caudas. Eu deixei 3 lagostins com as cascas para decorar. Em uma frigideira grande, aqueça o azeite e adicione os lagostins. Refogue em fogo alto até que as caudas fiquem vermelhas e a carne ligeiramente branca, ou seja, mais ou menos uns 5 minutos. Transfira os lagostins para um prato quente e reserve.

Na mesma frigideira aqueça a manteiga e doure o alho e a cebola até que a cebola fique bem amarelinha e transparente. Adicione os tomates, o estragão, o tomilho, o vinho, o açúcar e a folha de louro e cozinhe em fogo baixo por mais ou menos 1/2 hora. Tempere com pimenta e sal.

Regue os lagostins com o conhaque e flambe. Junte ao molho na frigideira e cozinhe em fogo baixo por mais 10 minutos. Sirva com arroz tailandês e vagens refogadas no azeite.

Segundo a galera aqui de casa a primeira aventura culinária com os frutos vindos de Floripa foi um sucesso!!!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Aprendiz de Feiticeira

Macarrão aos seis queijos feito a quatro mãos

Jantar na nossa casa depois de uma tarde na escola e/ou no treino de basquete tem de ser substancioso: nada de grandes receitas nem refinamentos, pois a galera quer mesmo é quantidade de alguma coisa que lhes dê muito prazer. E assim foi esta noite. As aulas começaram ontem, e como sempre Thomas e Isabella (meus filhos gêmeos que vão completar 9 anos no final de março) voltam no final da tarde mortos de fome. O Dan começou os treinos de basquete na 4a. feira e dele eu já falei, ele é o adolescente faminto. Já estava ficando tarde e os humores se alterando, então estava na hora de agir e rápido. Para fazer a coisa toda de forma mais rápida, pedi a ajuda da Isabella, que vestiu seu avental holandês e perguntou o que devia fazer. Pedi a ela que cortasse em pequenos pedacinhos um certo número de diferentes queijos, tarefa que ela desempenhou com maestria. A cada queijo que ela cortava, ela provava um pequeno pedacinho e ia dando sua opinião sobre qual queijo lhe agradava mais. Enquanto ela cuidava dos queijos, eu cuidava da cebola e do alho. E assim criamos a quatro mãos o nosso "Macarrão aos Seis Queijos" que foi devorado com grande entusiasmo por todos. Que momento mais gostoso tivemos Isabella e eu!!! Prá quem quer um prato substancioso e nada light para o jantar, lá vai a receita:

MACARRÃO AOS SEIS QUEIJOS

Ingredientes:

  • 1 pacote de macarrão tipo parafuso (porque o queijo fica nas voltinhas do parafuso!!!)
  • 100 g de queijo tipo provolone
  • 100 g de queijo tipo mussarella
  • 100 g de queijo tipo prato
  • 100 g de queijo tipo parmesão em pedaço
  • 100 g de queijo tipo Cheddar
  • 50 g de queijo tipo gogonzola
  • 1 cebola média picada em pedacinhos bem pequenos
  • 4 dentes de alho picados em pedaços grandes e amassados (nunca esqueçam: ADORO alho!!!)
  • ½ xícara de azeite de oliva extra virgem
  • 1 cubo de caldo de galinha
  • 1 colher de chá de orégano
  • ½ copo de leite
  • 1 caixinha de creme de leite (eu uso creme de leite fresco, conhecido aqui nos Pampas como nata)

Modo de fazer:
Em uma panela aqueça ligeiramente o azeite e doure o alho e a cebola por no máximo uns dois minutos sem deixar ficar amarronzado*. Junte o cubo de caldo de galinha, o orégano e o leite. Quando esta mistura estiver aquecida junte o creme de leite, mas tome o cuidado de não deixar ferver, para não desandar o creme de leite. Enquanto isto cozinhe o macarrão, pois o molho se faz bem rapidinho. Uns dois minutos antes de terminar de cozinhar o macarrão adicione todos os queijos picados à mistura e aqueça tudo em fogo brando. Assim que o macarrão estiver cozindo junte ao molho e mexa tudo delicadamente. Sirva imediatamente, pois afinal a esta altura alguém já pode ter trucidado alguém. E depois de comer o macarrão todos desfrutam uma noite de paz e serenidade. Na medida do possível é claro!!!

*Sendo repetitiva: tenha cuidado para não torrar o alho, deixando-o escurecer, quando fritando em óleo ou azeite, pois quando torrado o alho se torna amargo, com sabor desagradável.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Floripa

Praia da Armação - Florianópolis - SC - Brasil

Acabamos de voltar de Florianópolis e pode ter certeza que se eu pudesse eu me mudaria para lá. Sempre ouvi muitas pessoas falarem que se pudessem morariam em Floripa (como a cidade é carinhosamente chamada), mas somente passando um tempo por lá para se ter uma idéia de como a cidade é mesmo um encanto. Floripa ocupa toda a Ilha de Santa Catarina e mais uma pequena porção no continente. As praias são para todos os gostos: praias sem ondas para famílias com criancinhas (Daniela, Jurerê, Jurerê Internacional, Pântano do Sul, ...) e praias com ondas violentíssimas para surfistas (Armação, Mole, do Santinho, da Joaquina, ...). Floripa esbanja cartões-postais, principalmente quando se pensa em suas duas lagoas (Lagoa da Conceição e Lagoa do Peri) e nos vários morros cobertos de Mata Atlântica. E por conta de toda esta beleza é o destino preferido dos gaúchos e de nossos hermanos argentinos.
Ficamos por lá um pouco mais de uma semana, em uma casa alugada na praia de Jurerê. Era uma casa bem simples, mas com um quintal super gostoso onde haviam três pés de acerola e um pé de pitanga. Com as acerolas fizemos vários sucos e quanto às pitangas, ah, as pitangas, comi-as quase todas. Elas eram gigantes e dulcíssimas. Que prazer!!! Na verdade, passamos pouco tempo na praia de Jurerê, pois decidimos explorar a Ilha. Visitamos praticamente todas as praias e elegemos a praia da Armação como a nossa favorita. Graças às suas ondas violentas, ela é bastante deserta. Ela tem uma areia meio grossa e é forrada de conchas. A turma amou!!!
E a comida? Ah, que deleite! Comemos muito peixe e muitos frutos do mar, sobretudo camarões, mas o que realmente nos deixou maravilhados foi a anchova assada na brasa de um restaurante chamado "Bate Ponto". Este restaurante fica em Santo Antônio de Lisboa, um bairro histórico da Ilha. À noite, pode-se jantar vendo a Ponte Hercílio Luz iluminada ao longe. Também tivemos o prazer de provar no Bate Ponto um arroz de polvo com alho e azeite que eu vou com certeza tentar reproduzir aqui na minha cozinha em Caxias do Sul. Aliás, voltamos com uma bagagem extra repleta de coisinhas do mar (polvo, lagostins, camarões, sardinhas, etc...).
A estada em Floripa foi tão boa, tão boa que vai ser assunto para muitas outras postagens.